quarta-feira, 10 de junho de 2009

O QUE É UMA «BOA ESCOLA»?

Na sequência de um pedido para colaborar num inquérito, que está a ser realizado no âmbito de um Mestrado em Ciências da Educação, foram-me colocadas duas questões cuja simplicidade era inversamente proporcional ao grau de dificuldade, caso não quisesse cair em lugares (muito) comuns... e não queria!
Entre as respostas possíveis, estas foram as que me ocorreram, depois de muito pensar no assunto:

1 – O que pensa da sua escola? Considera-a uma boa escola?
A minha escola é uma escola, como tantas outras, situada numa área metropolitana. Tendo em conta a sua localização geográfica é uma escola em que os seus alunos têm características socioculturais e económicas muito heterogéneas. Deste modo, podemos considerar que existem várias escolas dentro da escola. Na prática, isto significa que, no universo de professores, pais e encarregados de educação, alunos e funcionários, podem existir perspectivas muito distintas, dependentes das experiências vividas. Esta situação causa extremas dificuldades na resposta à questão com que várias vezes sou confrontado: “Achas que devo matricular o meu filho na tua escola?”.
Mais difícil se torna responder à questão: “Considera-a uma boa escola?”. O significado de “boa escola” é muito vago, dado que “escola” envolve uma multiplicidade de aspectos. Para responder com honestidade apenas poderei afirmar que está longe do meu imaginário de “boa escola” que, muitas vezes, fica bem juntinho da “utopia”. A resposta possível está depois da próxima questão.

2 – O que faz de uma escola uma «boa escola»?

Para definir uma boa escola, o melhor será descrever uma “boa escola” que tive o prazer de visitar. Quando cheguei retive o aspecto agradável onde a natureza e os edifícios bem cuidados se encontravam em sintonia. À entrada, o funcionário cumpria as regras de segurança, dispensando um sorriso a cada membro da comunidade educativa (aluno, professor, funcionário ou encarregado de educação). No Conselho Executivo (actualmente seria "no gabinete do(a) Sr(a). Director(a) fui recebido com agrado e dispensaram-me todos os esclarecimentos e informações – forneceram-me os contactos dos professores de quem passaria a depender hierarquicamente. Também estes foram afáveis no trato.

Quando me dirigi às salas de aula, reparei que os alunos me aguardavam ordeiramente, entrando na sala sem atropelos. Sentaram-se nos lugares previamente marcados pelo Director de Turma e aguardaram em silêncio que lhes indicassem o que iríamos fazer naquela aula. Quando a actividade ou aquilo que lhes ensinava lhes oferecia dúvidas, levantam o braço e ficavam atentos à minha explicação. Fazia uso do meu bom-humor sem riscos de que a situação causasse instabilidade. Por vezes, os alunos elogiavam-me no final da aula, dizendo que os cinquenta minutos tinham passado rapidamente. Retribuía-lhes o elogio com o meu melhor sorriso.

Nas reuniões de professores, com ou sem a presença de alunos e encarregados de educação colaborávamos uns com os outros, embora nem sempre estivéssemos de acordo.

No final dos períodos sentia-se que a Escola ficava mais vazia… e triste! No final do ano lectivo sentíamo-nos desconfortáveis pela acumulação de trabalho burocrático e pela falta de alunos. Mesmo assim, eram os auxiliares de acção educativa (actualmente, "assistentes operacionais" ou "assistentes administrativos") que efectuavam as tarefas mais rotineiras (assinalavam as faltas, colavam fotografias, efectuavam matrículas, tratavam do correio, etc.).

Foi, ainda, no final do ano lectivo que me lembro de ouvir o comunicado do Sr. Ministro da Educação elogiando o trabalho realizado pelas escolas, destacando o envolvimento cooperativo e o espírito de entreajuda desenvolvido por todos. Os resultados escolares não eram os melhores mas eram verdadeiros, sem facilitismos exagerados.

Entretanto, acordei com o toque mecânico do despertador e preparei-me para regressar à “escola real”.

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