quinta-feira, 2 de julho de 2009

TIRAR PARTIDO DAS COISAS MÁS

A "coisa" pior que me está a acontecer neste momento é o facto de, nos últimos 14 meses, só ter estado com os meus filhos 4 breves dias.
As circunstâncias que motivam esta triste ocorrência são diversas e, cada um dos intervenientes (pai, mãe, filhos) terá, concerteza, uma razão diferente para sustentar a decisão tomada. Por isso seria desonesto apresentar, unicamente, a minha visão dos acontecimentos.
Porém, para que fique bem claro, apenas direi que tenho tentado várias formas para conseguir inverter a decisão dos meus filhos que se refugiaram num silêncio insurdecedor.

Mas, nem tudo o que nos acontece é, necessariamente, mau. A título de exemplo, e para comprovar a afirmação anterior, recebi, esta semana, pela mão da autora (e minha amiga) Teresa Ferreira, o livro "Sementes de Bem-Estar na Sabedoria Chinesa", no qual encontrei citada a seguinte história:

"Um dia, um homem encontrou um casulo e resolveu levá-lo para casa para observar a sua transformação em borboleta. A certa altura, apareceu um pequeno orifício no invólucro e ele sentou-se a observar a borboleta enquanto lutava para forçar o seu pequeno corpo a sair através do buraco.

Até que, aparentemente, parou de fazer qualquer progresso. Como se tivesse chegado ao limite das suas possibilidades, não podendo ir mais longe. Então o homem decidiu ajudar a borboleta.

Pegou numa tesoura e cortou o casulo. A borboleta emergiu facilmente.

Mas qualquer coisa estava estranha. A borboleta tinha umas asas raquíticas e um corpo inchado. O homem continuou a observar a borboleta, na expectativa de que, a qualquer momento, as asas aumentassem, de forma a suportarem o corpo que diminuiria com o tempo.
Nada disto aconteceu e a borboleta viveu o resto dos seus dias a rastejar com as asas atrofiadas. E nunca conseguiu voar.
O que o homem fez, na sua simpatia e impulsividade, foi não compreender que o casulo que restringe e a luta necessária para a borboleta sair pelo pequeno orifício são a forma de levar fluidos do corpo da borboleta para as asas, de modo a esta poder voar, uma vez libertada do casulo.

Muitas vezes, as lutas são exactamente o que precisamos na nossa vida. Se percorrêssemos toda a nossa vida sem obstáculos, tornar-nos-íamos diferentes. Não seríamos tão fortes. Não conseguiríamos voar." (Lima, Margarida Pedroso. Posso participar? Ambar, 2006, p.89.)

Em conclusão, esta luta que estou a travar, para conseguir estar com os meus filhos, está a tornar-me mais forte. Estou ansioso por lhes dizer, olhos-nos-olhos, o quanto gosto deles, para lhes mostrar como o meu abraço é mais apertado do que nunca, como os meus carinhos são calorosos e sinceros e, vivendo o presente, voaremos até ao futuro.