Quanto mais procuro,
Menos me encontro
Vacilo entre a forma de estar
E de pensar
Estou dividido entre o que sou
E o que queria ser
Quando me começo a aproximar de alguém
Sinto-me distante.
E vou trauteando frases bonitas que já li
Mas que nem sempre consigo interpretar
A vida é um jogo complicado demais
Para viver sem regras
Mas as regras que me impõem
Não fazem parte do jogo que queria jogar
À medida que não entro em conflito com os outros
Aumento os meus próprios conflitos
Vão-se apoderando de mim novas angústias
O meu maior equilíbrio parece ser
O viver em constante desequilíbrio
Afirmo gostar de mim
Mas vivo intensamente os problemas dos outros
E quantas vezes
Depois de ajudar alguém a atravessar na passadeira da vida,
Vejo esse alguém partir, enquanto eu
Continuo a minha caminhada pela estrada do deserto.
Procuro viver compreensivelmente a minha solidão
Mas eu sei o valor da verdadeira amizade
Percorro avenidas separadas por muros de vidro
Vou encontrando pessoas de quem gosto
Mas que nunca estão a percorrer a mesma avenida
E, quando uma rua transversal está para aparecer,
Eis que a avenida acaba e começa uma ruela, estreita e escura…
Continuo a pensar muito em mim, até demais…
Mas esse pensar em mim envolve (quase sempre) pensar nos outros,
Porque os Outros também fazem parte de mim.
E daí tanta instabilidade: os Outros parecem reagir de maneira diferente,
Por mais iguais que sejam.
F. Trino
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